Encare a passagem do tempo como algo natural e que, sobretudo, que não lhe impeça de realizar os sonhos que habitam em você.
+284-081
muita paz
Sempre fico encantado e grato ao amigo Bira pela possibilidade de expandir horizontes. Geralmente uma frase inspira de muitas formas e me faz trilhar caminhos pouco explorados em mim mesmo! Talvez porque tenha acabado de acordar, e esteja retornando de infinitos distantes e atemporais, não sei ao certo...
Por que não encararíamos a passagem do tempo como algo natural?
Esta foi, para meu coração subjetivo, uma pergunta essencial que surgiu na leitura.
Talvez vivamos de experiências passadas e de expectativas futuras, sem percebermos que o único tempo possível de realização é o presente, que nem sempre nos traz situações favoráveis e que nos provoca à criatividade...
Apegados às nossas necessidades de segurança e controle, queremos seguir pela vida com a certeza de que atingiremos nossos objetivos. Vivemos avaliando e reavaliando as ocorrências frustrantes do passado que não puderam ser evitadas a fim de gerar estratégias melhores de mitigação de riscos em nome da economia de recursos, da redução de desperdícios, do aumento da eficiência e da produção de certezas.
Matamos a criatividade espontânea, queremos ambientes controlados, previsíveis e repetitivos para podermos aplicar as mesmas soluções e assim nos isentarmos de novos esforços adaptativos e criativos.
Curiosamente, estabelecemos linhas de pensamento na sociedade para trabalhar sobre a necessidade de inovação e criamos o pensamento empreendedor, campo que envolve muitos erros e falhas, mas que garante o nascimento de novos contextos humanos. De alguma forma reconhecemos a impossibilidade da manutenção dos ambientes controlados, compreendemos que há um grau elevado de complexidade na vida que beira o caos, o qual é a nossa incapacidade de olhar de maneira sistêmica e controlada para a realidade complexa.
Enaltecemos todos os que sabem criar ambientes controlados e reprodutíveis e somos econômicos no reconhecimento do mérito dos criativos; aceitamos apenas aqueles criativos que se destacam, que são capazes de oferecer controle, previsibilidade e reprodutibilidade! Precisamos alimentar a esteira do controle com menor esforço...
Penso que o problema talvez não seja a passagem do tempo e sim a nossa incapacidade de prever e controlar os acontecimentos de forma quase permanente. À medida que o tempo passa, a vida insiste em nos apresentar cenários que contradizem nossa perspectiva de controle absoluto sobre o todo.
O tempo, nosso inimigo imediato, apenas revela nossa vulnerabilidade e nossa incapacidade de controle absoluto sobre a vida e de estabelecimento de garantias. Talvez por isso sejamos tão resistentes à sua apresentação.
Mas, em tempos de física quântica e teoria da relatividade, o que seria o tempo se não o encadeamento de eventos que nos leva a perdas constantes e a novos contextos de inovação enquanto nos revela que nada é tão controlável e previsível quanto gostaríamos?
Lamentamos não termos todo o tempo do mundo; lamentamos nossa mortalidade; tememos a mudança; fugimos das perdas e abominamos esforços adaptativos. Talvez por isso não consigamos encarar o tempo de forma natural.
Preferimos ambientes anti-naturais, ambientes artificiais em que nós estamos no controle total de todos os aspectos da vida. Só assim podemos viver com esforços adaptativos que tendem a zero. Assim poderemos evitar perdas. Inovar exige esforço e só deve surgir como caminho possível quando nossos controles, padrões e previsões não são mais capazes de nos entregar ambientes estáveis em que vivemos nossas fruições. Assim tem caminhado a humanidade...
Sonhar, por natureza, fala sobre um estado em que almejamos algo que não temos. Decreta a necessidade de aventura, de rompimento com padrões e controles para estabelecer ambientes de inovação e criatividade. Mas, para vivermos a tentativa de concretização de nossos sonhos, talvez seja preciso aceitação; postura que assume a possibilidade de falha e de insucesso.
Pode ser que alguns sonhos que habitam em nós não achem concretização, mas talvez só sejam concretizáveis se seguirmos a esteira do tempo que traz instabilidades e novas possibilidades a cada evento sequenciado na esteira do tempo chamada vida.
Eu diria que nossa proposta fala da necessidade de sair de concepções artificiais e aceitar o contexto natural em que não se pode ter controle absoluto, contexto onde a criatividade impera e a reutilização de soluções é pouco provável.
Sempre fico encantado e grato ao amigo Bira pela possibilidade de expandir horizontes. Geralmente uma frase inspira de muitas formas e me faz trilhar caminhos pouco explorados em mim mesmo! Talvez porque tenha acabado de acordar, e esteja retornando de infinitos distantes e atemporais, não sei ao certo...
Por que não encararíamos a passagem do tempo como algo natural?
Esta foi, para meu coração subjetivo, uma pergunta essencial que surgiu na leitura.