Ó Deus de amor e reconciliação, concede-nos o dom de buscarmos a sinceridade de coração nos gestos para com as pessoas com as quais convivemos.
que assim seja.
+316-049
muita paz
Fiquei pensando na sinceridade de coração nesta prece. Sendo adepto do autoconhecimento, não tenho certeza se desejo a sinceridade em meus atos.
Talvez eu prefira viver a hipocrisia de expressar o que não sinto, mas que já reconheço como importante.
Com nuvens turbulentas encobrindo o sol que me ilumina, reconhecendo muitas necessidades pessoais não atendidas; facilmente mapeando pessoas como autoras da escassez em minha vida; negando-me à responsabilidade que tenho na construção da própria felicidade; é provável que a sinceridade me levasse a causar feridas em muitas pessoas.
Ser sincero comigo, acolhendo as emoções e sentimentos desconfortáveis; aceitando a presença deles em minha vida; integrando-os a mim como partes constitutivas de quem sou, usando ambientes seguros e mais controlados, embora constrangedores de meus desejos de fruição, é entrar em área segura onde posso realizar a transmutação das energias que me causam dor.
Sigo agradecido por estar constrangido pelos acordos sociais e obrigado a impor máscaras a mim para viver em paz.
Penso que a reconciliação é a ação de abdicar do passado como acho que deveria ter sido para abraçar o presente com é, com vistas aos futuros pacíficos que podem ser. Ainda não me vejo tomado por impulsos de reconciliação.
Por hora, buscando a sinceridade comigo mesmo, prefiro tentar exercer o perdão como Jesus ensinou aos judeus. Não desejar o mal, reduzir cobranças e deixar que o outro parta de minha vida, mesmo que não tenha me compensado pelos danos causados. Assim, me ausento do agressor vingativo que busca resguardar uma vida de privilégios sob as custas do sofrimento alheio.
Ausente de mim mesmo, talvez eu consiga olhar-me no espelho, reconhecer-me; acolher o convite ao infinito e ao amor através da convivência.
Quero viver um perdão, uma perda muito grande, que me ajude a reduzir a importância que delego a mim mesmo em detrimento ao outro. A reconciliação com o outro, nesta jornada, é um passo importante, mas posterior à reconciliação comigo, quando conseguirei aceitar o outro como é, e a conviver com ele, porque me aceito como sou.
Com o coração machucado, busco construir respeitável distância de meus ofensores; enquanto realizo a reconstrução de meu abrigo, sonho com um lugar florido e resistente, que ilumina tudo à volta na medida certa, sem causar dores e desconfortos. De alguma forma, sinto que esta cura passa pela lição magna de Jesus enunciada de forma explicativa como "Amar ao próximo como a si", ensinado por Jesus.
Fiquei pensando na sinceridade de coração nesta prece. Sendo adepto do autoconhecimento, não tenho certeza se desejo a sinceridade em meus atos.
Talvez eu prefira viver a hipocrisia de expressar o que não sinto, mas que já reconheço como importante.