É muito comum a atitude apressada de “viver-se emocionalmente”.
Acontecimentos futuros certamente não se darão, ou ocorrerão de forma diversa da que a ansiedade estabelece.
Para essa conduta ansiosa recomenda que “a cada dia baste sua aflição.
Deus conosco
+033-333
muita paz
Eu diria que a atitude de viver emocionalmente é, na realidade, o nosso estado natural como seres biológicos cujos organismos se especializaram para responder prontamente às questões da vida. Esta especialização, entretanto, tem nos cobrado um preço elevado.
Como seres racionais, temos a capacidade de simular cenários na tentativa de prever ameaças futuras para evitá-las e, modéstia à parte, acredito que façamos isso com excelência. Usamos a memória, as vivências anteriores, mas também a capacidade de estabelecer paralelos e comparações que sugiram indícios de riscos eminentes que precisem de atenção.
Há, entretanto, o desafio de desenvolver e aplicar esta habilidade racional, fazendo-a atuar de forma sábia e integrada às respostas emocionais que são, automáticas e quase instantâneas.
Exatamente por estarmos tratando de simulações baseadas em conhecimentos anteriores, frequentemente nosso stress e nossos medos ocorrem sem um fundamento real e demandarão certa calma e racionalização para superar o momento e educar as respostas emocionais e os mecanismos de predição, identificação e superação de riscos.
Penso que se soma a tudo isso a criação soluções externas de prevenção e de mitigação de riscos que podem desonerar parte deste stress que nos afeta. Cintos de segurança, air-bags, monitores de sinais biológicos e medicamentos são apenas alguns exemplos de soluções que podem suavizar a necessidade de resposta individual frente a ameaças conhecidas.
De qualquer forma, é importante nos conscientizarmos de que não temos controle sobre o futuro, conhecimento que se soma à imprecisão de nossas previsões e às soluções externas de prevenção para nos provocar racionalmente a revermos os níveis de stress que construímos para nós.
Precisamos de treinamento contínuo, de observação e de conhecimento para administrarmos melhor estes estados de atenção ansiosa. Mas fazemos frequentemente o contrário do que deveríamos...
Superexcitamos nosso medo mergulhando em notícias devastadoras, em conteúdos estressantes e na repetição de más notícias. Não que sejam dispensáveis, mas talvez devessem ocupar uma parcela menor de nossa atenção.
Nós temos desempenhado muito bem nosso papel de seres emocionais dotados de razão. Aumentamos a expectativa de vida, erradicamos doenças, criamos confortos, mitigamos riscos, inventamos tecnologias de apoio às fraquezas do corpo...
Sistematicamente, entretanto, estamos mais estressados e amedrontados...
Outro aspecto que correlaciono com estes estados patológicos de stress é a urgência que colocamos em tudo o que fazemos. Criamos máquinas para liberar o ser humano de esforços repetitivos, o que nos daria mais tempo, entretanto, estamos mais ocupados do que nunca.
Me parece que apreciamos fugir dos estados criativos e de contemplação para mergulharmos em estados ágeis, mecânicos, automáticos e emocionais em que não há espaço para o uso aprofundado da razão...
Fugimos das apreciações críticas, do estabelecimento de pensamentos de evolução e até mesmo das apreciações sobre a vida.
Penso que há muito a realizar em termos de uso da razão para administrar melhor nossas respostas às ocorrências da vida...
Eu diria que a atitude de viver emocionalmente é, na realidade, o nosso estado natural como seres biológicos cujos organismos se especializaram para responder prontamente às questões da vida. Esta especialização, entretanto, tem nos cobrado um preço elevado.