Não acho que seja covardia admitir que você se enganou.
Na verdade, se quer saber, acho que é uma prova de coragem.
+075-291
muita paz
Erro!
Um vilão em nossas existências ou a prova de nossos esforços de crescimento em curso e ainda não concretizado?
Pensar na admissão do erro como ato de coragem talvez seja a ratificação do comportamento violento e intolerante que rege nossa existência humana no momento.
Cheguei a esta conclusão há algum tempo, depois que perguntei a mim mesmo qual seria a causa do medo que eu sentia diante do erro.
Na época eu concluí que o problema não era o desperdício de recursos, a necessidade de recomeço, o atraso no processo de realização ou os danos causados a terceiros. No âmago do medo de outras pessoas percebessem meus erros estava a possibilidade de sofrer repressões, de ser cancelado, anulado; diminuído como ser humano.
Percebi que diante da evidenciação de meus erros perante outros, nascia em mim um impulso de autopreservação, talvez baseado no instinto de sobrevivência.
Anos depois, lidando com processos educativos de adultos, adolescentes e crianças, aprendi que este medo que eu sentia era um comportamento comum.
Talvez as respostas ao medo da diminuição de nossa dimensão humana variem, mas, até onde percebi, sempre podem ser classificadas conforme os três tipos essenciais de estratégia de sobrevivência: camuflagem, fuga e luta.
Para mim, ser corajoso e admitir o erro significa lutar pela sobrevivência de minha humanidade. Como guerreiro de plantão, costumo dizer que diante das adversidades, posiciono meu corpo em posição lateral em relação ao ataque, encho os pulmões de ar, firmo o pé direito mais atrás do corpo, arqueio as pernas, levanto um escudo com o braço esquerdo, firmo uma lança em ângulo para cima e extremidade apoiada à frente da lateral do pé direito, abaixo a cabeça e aguardo a chegada da cavalaria.
Estou pronto para o primeiro impacto de anulação de minha humanidade.
Estudo o inimigo, observo suas fragilidades, aguardo sua aproximação e o primeiro impacto contra meu escudo.
Com sorte minha posição de confronto assustará o opressor ou minha lança penetrará a arrogância de quem vem a cavalo contra mim. Mas também estou com os pulmões cheios de ar e pronto para fazer um giro de 360 graus sobre o pé esquerdo enquanto firmo a mão direita no cabo da lança e a forço contra os pulmões do cavaleiro, pegando-o por trás logo após o impacto dele sobre mim. Nesta hora um grito essencial emanará com voracidade, libertando todo o ar contido e a selvageria de um ser humano que existe.
Sim. Esta é a coragem ao admitir um erro cometido e percebi isso na relação com os aprendizes que erravam e assumiam posturas agressivas.
Há aqueles que depõe as armas e abaixam a cabeça em rendição ao educador/superior opressor. Mas também aprendi que há um preço interno muito grande a ser pago sob a forma de traumas, mágoas e ataques de pânico.
Hoje, como educador e influenciador experiente, defendo que não deveríamos precisar ser corajosos para admitir erros, principalmente porque não deveríamos nos sentir ameaçados diante de nossas tentativas de crescimento.
Os castigos, as admoestações, as críticas, os cancelamentos e anulações dirigidas a quem erra são, na realidade, ações de pessoas que sentem a necessidade de se impor sobre o outro. Um professor que pune um aluno ou uma sociedade que cancela uma pessoa está negando-lhe o direito de crescer e até mesmo de existir.
Por isso, sempre lamento quando preciso ser corajoso para assumir meus erros e ainda mantenho meu escudo, lança e espada à mão. O preço pessoal de permitir que me anulem é muito alto...
Enquanto não construímos uma cultura de paz, evito o ataque, mas estou sempre pronto para me defender e seguir crescendo. Alguns chamam de postura violenta, outros chamam de coragem, há ainda os que chamam de sobrevivência, quando não podemos mais admitir a perda de terrenos de nossa existência humana.
Chegará o dia que estaremos conscientes de que a vida não é a imposição de uns sobre os outros. Neste dia teremos estabelecido uma cultura de paz e aceitaremos o erro como algo natural do processo de quem cresce como ser humano. Nesta hora não haverá mais coragem em assumir os erros.
Erro!
Um vilão em nossas existências ou a prova de nossos esforços de crescimento em curso e ainda não concretizado?
Pensar na admissão do erro como ato de coragem talvez seja a ratificação do comportamento violento e intolerante que rege nossa existência humana no momento.
Cheguei a esta conclusão há algum tempo, depois que perguntei a mim mesmo qual seria a causa do medo que eu sentia diante do erro.