Tenha humildade e busque ajuda.
Não precisar de ninguém não é sintoma de força, mas sim de arrogância.
Todos nós precisamos de ajuda.
+150-216
muita paz
Amigo Bira! Que combinação explosiva ofereceste à minha subjetividade!
Uma fala inicial no imperativo sugerindo que devemos nos humildar, ou seja, reduzir a importância de nosso ego, no processo de resolução de nossos problemas...
Me senti em um campo de batalha, recebendo um golpe forte de um oponente ameaçador; golpe aparado por meu potente escudo de defesa, uniforme do ego que frequentemente anda armado e protegido por armadura, elmo e escudo...
Mas a compreensão do fenômeno ajudou a me manter firme, sem fugir, nem me esconder ou contra-atacar...
As formações em psicanálise e constelação familiar, assim como as noções de espiritualidade, e o acolhimento de profissionais competentes nas áreas da psicologia, psicoterapia, psiquiatria e das terapias holísticas nestes últimos anos; me ajudaram a olhar com coragem, calma, atenção e curiosidade para o fato ocorrido.
Depois que o susto passou, eu pude me dar conta de que traumas e feridas antigas, ainda não cicatrizadas, me levam a um lugar existencial em que a confiança devotada ao outro é algo raro, difícil de ser construído e facilmente desmontada nas relações.
No meu entendimento, buscar ajuda pressupõe acionar a minha rede de relacionamentos e confiar, algo difícil se me sinto fragilizado, em sofrimento e, portanto, em risco de extinção.
O imperativo proposto me remeteu a um lugar de alguém que, diante de minha fragilidade, se impõe sobre mim, anulando o restante de minha dignidade, submetendo-me e impondo uma ajuda em formatos que talvez não sejam confortáveis e talvez machuquem ainda mais meu coração ferido.
É claro que muitos que trazem ajuda estão com o coração cheio de amor e dedicação. Eles desejam sinceramente que melhoremos e talvez saibam fazer o que precisa ser feito. Mas meu ego, atento parceiro de jornada, baseado nos traumas e experiências passadas, se faz presente para dizer que talvez as intenções não sejam tão boas ou que a ajuda oferecida possa ser danosa.
Exemplifico a proposição facilmente...
Certa vez sofri uma queimadura e a pessoa que estava comigo, prontamente, ofereceu um valioso conselho para o tratamento imediato. Segundo ela, um pouco de saliva aliviaria a queimação e evitaria a formação da bolha. Diante da minha negativa, recebi a sugestão de que deveria usar pasta de dente sobre a queimadura...
Em outro momento de minha vida, tomado pela dor e pela urgência, recorri a um profissional que fez o diagnóstico errado da questão, indicando um tratamento errado e caro que, além de não ajudar, criou outros problemas!
Minha vida está repleta de exemplos em que a boa vontade e a disponibilidade do outro nem sempre foram suficientes para alívio de minhas dificuldades...
Provocativamente eu perguntaria: O que teria acontecido se eu tivesse me aberto para receber ajuda naquele momento de dor?
Eu lembrei do Carpinejar, escritor brasileiro, em seu livro Manual do Luto. Ele reflete sobre a importância do orgulho como recurso essencial para algumas pessoas superarem a perda de algo ou alguém importante. Em seu pensamento, o orgulho funcionaria como uma barreira invisível que impede que desistamos de nós mesmos, de nossa dignidade, além de fornecer forças para confrontarmos as dores que nos afetam até que possamos seguir em frente e retomarmos a vida buscando nossa rede de relações e os recursos de cura indispensáveis.
Acredito que, por tudo isso, eu seja avesso aos imperativos externos que impõe a rendição de meu ego e a entrada do outro em minha vida.
Penso que sou o principal responsável na história de minha jornada e não acredito que este pensamento seja um sinal de arrogância, mas de consciência plena sobre quem sou, o que poderia ser visto como um ato de humildade! O Ato de reconhecer quem sou e onde estou, buscando me responsabilizar por mim mesmo e pela minha história.
Neste sentido, por nos conhecermos bem, sabemos que somos frágeis e sentimos quando estamos muito vulneráveis, quando estamos no limite da própria saúde e integridade, quando qualquer golpe adicional é capaz de nos anular física ou psiquicamente.
Abrir-se para receber ajuda nestas horas é difícil e exige muita confiança. Se não nos abrimos para a ajuda externa, talvez este outro que oferece a ajuda possa se perguntar o que poderá fazer para melhorar este vínculo relacional.
É importante que reflitamos sobre como oferecemos ajuda e que ajuda oferecemos ao outro que desejamos ajudar, mas também quais são as motivações que me colocam nesta postura de ajudador.
O Livro "O Abuso do Poder na Psicoterapia e na Medicina, Serviço Social, Sacerdócio e Magistério" de Adolf Guggenbühl-Craig, aborda esta dimensão do cuidado que muitas vezes não é considerada por nós.
Que feridas, demandas internas e compensações estaremos buscando ao nos colocarmos na posição de cuidadores? Talvez esta carência do ajudador esteja tão evidente em sua oferta de ajuda que crie dificultadores para estabelecer elos de confiança.
Se somos vistos pelo outro como objetos de fruição ou de atendimento das necessidades dele, talvez não queiramos ocupar o lugar de quem é ajudado, e acabemos nos apresentando como pessoas orgulhosas e arrogantes quando, na realidade, só estamos fragilizados e com medo.
Não há dúvidas de que somos interdependentes e que, portanto, precisamos de ajuda. Entretanto, quais são as forças espirituais e psíquicas que estão participando deste jogo relacional?
Acredito que estar consciente destas forças cria condições de vivermos as relações de ajuda com maior maturidade, consciência e responsabilidade.
Se estamos com dificuldade de receber ajuda, talvez possamos nos perguntar sobre o medo e a insegurança que nos habitam naquele momento de necessidade.
Se estamos com dificuldade de impor ajuda, talvez possamos nos perguntar sobre o motivo real de precisarmos ajudar o outro.
Assim, assumindo uma postura humilde em relação a nós mesmos, poderemos aceitar, oferecer ou negar ajuda conforme nossa essência espiritual de maneira saudável e segura.
Amigo Bira! Que combinação explosiva ofereceste à minha subjetividade!
Uma fala inicial no imperativo sugerindo que devemos nos humildar, ou seja, reduzir a importância de nosso ego, no processo de resolução de nossos problemas...
Me senti em um campo de batalha, recebendo um golpe forte de um oponente ameaçador; golpe aparado por meu potente escudo de defesa, uniforme do ego que frequentemente anda armado e protegido por armadura, elmo e escudo...
Mas a compreensão do fenômeno ajudou a me manter firme, sem fugir, nem me esconder ou contra-atacar...