201/2024 - ser quem se é

Quando li o pensamento proposto fui atingido por uma poderosa onda de curiosidade.

Como nasce esta necessidade de perfeição? 

Não é possível existir sem este contato com o outro e nem com o universo, como também não parece ser possível submeter o outro e o universo à nossa vontade. 

Desta forma, existir significa experimentar as interfaces com este outro ou com o universo, mesmo que revelem algo muito maior e mais potente do que nós mesmos. 

Sinto segurança em abraçar este entendimento. Se não podemos invadir e nem invalidar o outro, este outro também não é capaz de nos invadir e nem de nos invalidar, embora possa nos persuadir, assim como podemos persuadi-lo a satisfazer nossa vontade.

Talvez nosso esforço de atingir a perfeição seja um ato de gratidão, quando tentamos honrar aqueles que vemos como nossos criadores, referências tão grandes e perfeitas aos nossos olhos pequenos, que viram sinônimos de plenitude, de completude, de perfeição e de sabedoria.

Misteriosos e incompreensíveis referenciais, nossos criadores desafiam nossa cognição e nossa capacidade de compreensão. Nos sentimos colocados em cursos existenciais de incompletude e de busca.

Como criaturas pequenas, incompletas e imperfeitas, sempre submetidas à perfeição de nossos criadores, que desejam que cresçamos e nos aproximemos deles, talvez não vejamos outros caminhos para nos sentirmos em segurança e afetivamente acolhidos. Então buscamos a perfeição para agradarmos ou para não desagradarmos...

Ou seja, embora seja pouco provável que consigamos atingir a perfeição, a tentativa de perfeição poderia ser um ato de obediência aos nossos criadores, ou expressões de autopreservação, sintomas de nossos medos de não sermos aceitos, sustentados e protegidos.

Tempestades, imprevistos, dores, morte, exclusão social, isolamento e solidão; todos poderiam ser vistos como sinais de insatisfação dos criadores que nos convocam a atitudes de aproximação ou de integração a eles.

Não tenho certeza sobre o que seja a oportunidade proposta na reflexão, mas talvez seja a leitura de alguma situação que declara nossa pequenez diante de nossas supostas origens, ou seja, um convite do criador ao crescimento ou um alerta dele sobre nosso desvio do caminho imposto.

Sejamos autentica e integralmente no presente; despreocupados das relações que nos conectam ao universo, embora conscientes de que elas existem e que nos provocam, uma vez que não são extensões de nossas mentes ou corações.

Há outras identidades singulares para além das fronteiras que nos delimitam, percebidas na interface entre o eu e o outro. Identidades que parecem muito maiores do que nós, mas que não possuem autoridade sobre nossa vontade. Por isso penso que, embora tentados a não sermos quem somos, com dificuldades para os amarmos e conscientes de que o outro não fará necessariamente o que queremos que ele queira; devemos buscar viver e nos conectar à nossa essência sem sofrer pela imperfeição que nos caracteriza

Quando li o pensamento proposto fui atingido por uma poderosa onda de curiosidade.

Como nasce esta necessidade de perfeição? 

Não é possível existir sem este contato com o outro e nem com o universo, como também não parece ser possível submeter o outro e o universo à nossa vontade. 

Desta forma, existir significa experimentar as interfaces com este outro ou com o universo, mesmo que revelem algo muito maior e mais potente do que nós mesmos.