🎼hoje mamãe me falou de vovó, só de vovó🎼
🎼disse que no tempo dela era bem melhor🎼
🎼mesmo agachada na tina e soprando o ferro de carvão🎼
🎼tinha-se mais amizade e mais consideração🎼
+209-157
muita paz
O que terá acontecido para termos esta percepção de piora das relações humanas?
Seriam impressões pontuais ou um fenômeno geral?
Talvez seja muito difícil atualizarmos nossas expectativas relacionais à medida que a sociedade se desenvolve no tempo e nós envelhecemos, perdendo a capacidade de aprendizado e agilidade mental.
Diante disso, eu perguntaria quais são as expectativas que construímos sobre como nossas relações acontecem? Em que momento terão se firmado em nossas mentes e corações como referências ideais para validarmos a realidade? Será possível atualizá-las com pouco esforço?
Me recordo de meu pai, nascido em 1923, falando das maravilhas do mundo. Havia certo saudosismo, talvez das vivências que marcaram a alma dele em uma idade em que era fácil adaptar-se às coisas novas.
Penso nesta possibilidade porque havia também da parte dele uma enorme resistência para utilizar as modernidades de minha juventude. Os toca-fitas e os DVD-players, na mente de meu pai, não eram capazes de confrontar e ganhar da facilidade e da beleza dos antigos discos de 78 rotações tocados em uma vitrola elétrica de som mono cheia de chiados.
Havia uma recusa em abraçar o que era tecnicamente melhor e uma defesa dos afetos do passado, que não podiam ser revividos.
Hoje, à medida que minha agilidade mental se reduz, já me vejo resistindo aos novos métodos, que envolvem esforços de aprendizado que nem sempre estou disposto a realizar.
Streamings de áudio, por exemplo, substituíram as bibliotecas de músicas baixadas da internet e me dão acesso instantâneo a muitas músicas e estilos. As playlists substituíram os armazenamentos locais e ampliaram possibilidades de acessar música de qualidade usando apenas um aparelho celular conectado à internet.
Fazemos amigos pelos aplicativos de internet e muitas relações iniciam e terminam sem que as pessoas se encontrem pessoalmente.
Novas formas de expressão afetiva surgiram, a comunicação tornou-se barata e instantânea. Não aguardamos mais o trânsito de cartas intercontinentais que levam meses para chegar aos seus destinos.
Mas sempre poderemos reclamar da exaustão de estarmos conectados em tempo real com nossos parentes e amigos, o que gera certo cansaço segundo alguns.
Talvez a forma, a velocidade e a intensidade com que vivemos hoje sejam diferentes. Difícil, entretanto, afirmar se são melhores ou piores em relação ao passado.
O que terá acontecido para termos esta percepção de piora das relações humanas?
Seriam impressões pontuais ou um fenômeno geral?
Talvez seja muito difícil atualizarmos nossas expectativas relacionais à medida que a sociedade se desenvolve no tempo e nós envelhecemos, perdendo a capacidade de aprendizado e agilidade mental.