Assim como as pausas, você tem que parar e dizer:
Hoje vou ficar quieto.
A casa pode esperar, o trabalho pode esperar, a série que estou assistindo pode esperar.
Se você não fizer essa pausa, a vida faz por você.
+246-120
muita paz
O que determina a necessidade de uma pausa e qual seria a sua utilidade?
Esta foi a pergunta que brotou em meu coração ao ver a proposição de que as pausas são imposições da vida que podem ser antecipadas pela nossa escolha para evitar um mal maior.
Daí, fiquei pensando sobre o fazer que demanda as pausas.
Talvez tenhamos comprado o paradigma de que "para termos valor precisamos produzir algo para alguém pelo maior tempo possível de nossas existências". Começar a trabalhar cedo, adiar a aposentadoria, dormir pouco, descansar o mínimo possível, refeições rápidas, manter listas de tarefas a cumprir, formação continuada para o mercado de trabalho, trabalho reconhecido pela sociedade, evitar o ócio, não ser enquadrado como vagabundo, ser útil à comunidade, etc. Ideias e afirmações que talvez demonstrem o que digo.
Parece que permitimos que nossas vidas sejam medidas pelo outro, conforme o que somos capazes de entregar de útil. Mas, pensando para além destes acordos sociais:
Não estaríamos definindo certo utilitarismo para a vida? O que acontece se não pudermos ser úteis para os outros? Nos tornamos descartáveis?
Talvez a própria ideia de utilidade precise ser repensada...
Uma vez que a chancela do outro para o nosso direito de existir ocorre segundo a utilidade do que fazemos, sendo emitida à medida que atendemos às expectativas deste outro, será que estamos existindo como individualidades ou apenas sendo úteis? Será que este outro tem discernimento e visão ampla? Será que ele é capaz de nos considerar como seres humanos singulares? Compartilhamos os mesmos conjuntos de crenças e valores?
Limitados pelos acordos sociais, ser útil pode ser facilmente confundido com atender às expectativas do outro enquanto nos anulamos como pessoas. Ser útil pode reduzir ações criativas e inovadoras em sociedade que são, naturalmente, desconfortáveis e frustrantes para uma sociedade conservadora que não está aberta à mudança.
O que acontece se nos dedicamos exclusivamente ao atendimento das expectativas limitantes do outro, sem termos atenção às nossas próprias expectativas, necessidades, ideações, crenças e valores?
Acredito que adoeçamos física, mental e espiritualmente!
Talvez as pausas sejam as concessões que fazemos a nós mesmos, os momentos que criamos para atender às nossas necessidades, para sermos criativos e inovadores, para existirmos enquanto singularidades que somos.
Arrisco fazer duas afirmações a respeito da utilidade e das pausas. Estas deveriam ser muito mais numerosas do que os momentos produtivos, mesmo que tenhamos menos utilidade diante das expectativas coletivas e das autoridades dominantes.
A segunda afirmação diz respeito à aparente necessidade de aceitação do diferente e do diálogo criativo que envolva diferenças e inovação. Acredito que esta seja a via para reduzirmos este olhar produtivista que reduz as humanidades a um padrão com poucas variações, que nega o direito do diferente existir. Esta pode ser uma via importante para eliminarmos o preconceito na sociedade.
O que determina a necessidade de uma pausa e qual seria a sua utilidade?
Esta foi a pergunta que brotou em meu coração ao ver a proposição de que as pausas são imposições da vida que podem ser antecipadas pela nossa escolha para evitar um mal maior.
Daí, fiquei pensando sobre o fazer que demanda as pausas.