O avanço e a mudança vêm lentamente, porém , procure e se esforce para não notar tarde demais.
+255-111
muita paz
Fiquei preso na urgência proposta pelo pensamento! Talvez estejamos falando de outro tipo de urgência...
Pelo expresso, em uma realidade onde a escassez é palavra de ordem, perder oportunidades poderia significar o comprometimento de nossas existências?
Assim, me pergunto. Quando seria o tarde demais?
Mas talvez exista espaço no mundo para vivermos a diversidade de modelos existenciais e até mesmo a obsolescência, momento em que perdemos suporte da sociedade para determinados hábitos.
Quero ilustrar este pensamento através do uso de tecnologias sonoras. A invenção dos fonógrafos determinou a possibilidade de captura e reprodução de sons de maneira analógica. Esta tecnologia evoluiu e foi substituída pelos discos de vinil, fitas cassete, tocadores digitais...
Um fonógrafo hoje é peça de museu que conta um pedaço de nossa história e, provavelmente, ninguém mais o usa para funções sonoras. Acredito que seu uso como equipamento de som possa ser considerado extinto e as pessoas que o usaram como falecidas, mas os usuários desta tecnologia talvez tenham feito uso dela mesmo quando já existiam discos de vinil.
Em meio à revolução digital, quando usamos aplicativos de streaming conectados à internet para ouvirmos nossas músicas, ainda somos capazes de encontrar fitas k7 e tocadores para elas nos mercados de produtos usados. Ainda há quem se proponha a fazer o trabalho de conversão de formato de mídia para o mundo digital e ainda há quem use tais fitas para gravar sons. A obsolescência atingiu esta tecnologia e cada vez menos pessoas a usam. Quando seria tarde demais para os usuários de fita k7 migrarem para os formatos digitais com armazenamento na nuvem?
Penso que viver em meio à inovação ou em meio à obsolescência exige grandes esforços adaptativos, reduz as possibilidades de diálogo em sociedade, envolve riscos desconhecidos e certo abertura para ser esquecido por parte da sociedade. Entretanto, é possível nos restringirmos nestas áreas da expressão humana e fugir da distribuição normal, que abraça a maioria.
Podemos existir criando mudanças, adotando-as de maneira ansiosa e apressada, acompanhando a maioria da população, assimilando as mudanças de maneira tardia e até mesmo nos negando à adoção. Cada contexto trará desafios e soluções relacionais, exigirá volumes de dispêndio energético e possibilitará a expressão de valores humanos que habitam em nossos corações.
Eu diria que as mudanças são a consequência natural deste diálogo entre o que produzimos e os problemas não resolvidos que nos incomodam. Surgem enquanto ideação, são ensaiadas em uma fase de inovação, são exauridas pelo uso massivo e esquecidas quando soluções mais eficientes e/ou integrativas aparecem.
Parece existir um ciclo natural em que o novo surge inspirado no atual, carregando a história do antigo, e se propondo a resolver situações de maneira mais prática, econômica e segura. A soma das mudanças ganha volume no tempo e decreta a extinção das opções muito antigas, que passam a compor uma história e a existir enquanto memória do que foi possível algum dia.
Talvez a ideia do "tarde demais" se relacione com o volume de energia que teremos que despender, caso decidamos adotar soluções diferentes daquelas que temos utilizado.
Eu me atreveria a perguntar:
O que me significa? Atravessar a vida junto a um conjunto de soluções ou migrar entre soluções à medida que novas soluções surgem?
A minha natureza essencial e existencial é conservadora ou progressista? Talvez estejamos pensando em um movimento de autoconhecimento, de construção de nós mesmos através da ação consciente e crítica sobre a vida e seus fluxos existenciais.
Fiquei preso na urgência proposta pelo pensamento! Talvez estejamos falando de outro tipo de urgência...
Pelo expresso, em uma realidade onde a escassez é palavra de ordem, perder oportunidades poderia significar o comprometimento de nossas existências?
Assim, me pergunto. Quando seria o tarde demais?
Mas talvez exista espaço no mundo para vivermos a diversidade de modelos existenciais e até mesmo a obsolescência, momento em que perdemos suporte da sociedade para determinados hábitos.