Há pessoas que cavam a sepultura com a própria boca.
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muita paz
Ao ler o pensamento proposto, ache-o forte e contundente.
Respirei, reli e refleti a respeito do que me afetou. Concluí que fui sequestrado por valores culturais e inferências de minha parte!
Me dei conta de que há muitas interpretações possíveis para o pensamento proposto, mas que, no fundo, há razão nelas todas!
Entretanto, preferi ficar com meu espanto inicial...
Não cavamos nossas sepulturas, embora haja grande expectativa para podermos preparar nossos epitáfios!
Uma consequência inevitável do fato de termos nascido é que morreremos algum dia.
Mas seria um exagero dizer que nossa concepção cava nossas sepulturas?
Embora não saibamos o momento em que a morte de nossos corpos se dará, todos nós experimentaremos este evento.
Nem mesmo o nascer é uma certeza, visto que existem eventos que podem levar o feto à morte, sem que haja o nascimento.
Há uma expectativa coletiva de que, após a concepção, nasçamos saudáveis e capazes de exercer nossa vontade sobre o mundo de forma livre e consciente pelo maior tempo possível...
Entretanto, não nos preparamos para o momento de encerramento de nossas vidas e nem para o encerramento das vidas daqueles que estão vivos conosco.
A Enciclopédia Significados nos diz que:
"Os epitáfios no passado procuravam narrar os atos heroicos do nobre, rei ou um membro proeminente da corte. Com o passar dos tempos começou a ser usado por toda população para lembrar as qualidades daquele ente querido que partiu deixando muita saudade."
Escrevemos indiretamente nossos epitáfios enquanto agimos sobre a vida com consciência e liberdade relativas sem, entretanto, ter clareza sobre o momento de finitude das mesmas.
Afetamos as vidas daqueles que caminham conosco e é a reação a estes afetos que determinará nossos epitáfios.
Salvo exceções, vivemos como se nunca fôssemos morrer e nos espantamos quando pessoas fazem escolhas que provocam o suposto encurtamento da vida.
Tudo o que comemos e dizemos, mas também o que sentimos, pensamos e fazemos; são atos humanos que declaram ao universo que o estamos atravessando.
É necessário audácia para que nossas vidas tenham significado para nós mesmos e para aqueles que compartilham a estrada conosco.
Nos tornamos importantes, ou importáveis para as pessoas, quando as vidas delas são afetadas pelos nossos atos em vida.
Vidas curtas ou longamente vividas passam desapercebidas e anônimas quando não se entrelaçam para tecer histórias no universo.
Por isso defendo a ideia de que devemos preparar pessoalmente e com empenho os nossos próprios epitáfios.
O poeta Fernando Pessoa nos diz no Livro do Desassossego que "matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso".
Me pergunto se seria inválido escrevermos nossos epitáfios ou cavar nossas sepulturas para buscarmos a concretização de nossos sonhos, mesmo que isto nos custe alguns sacrifícios e encurtamentos de vida...
Neste espírito, quais seriam os sonhos, propósitos, desejos e necessidades que valem o investimento? Que temos feito para suprir nossa essência humana?
Ao ler o pensamento proposto, ache-o forte e contundente.
Respirei, reli e refleti a respeito do que me afetou. Concluí que fui sequestrado por valores culturais e inferências de minha parte!
Me dei conta de que há muitas interpretações possíveis para o pensamento proposto, mas que, no fundo, há razão nelas todas!
Entretanto, preferi ficar com meu espanto inicial...
Não cavamos nossas sepulturas, embora haja grande expectativa para podermos preparar nossos epitáfios!