Você não precisa deixar que uma única coisa ou opinião seja aquilo que defina quem você é.
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muita paz
O que nos define? Qual é a validade desta definição?
Existe certa precariedade e imprecisão quando nos definimos, fato que ocorre pela própria ideia de dar contorno consciente à nossa identidade.
Surpreendidos pelo nosso inconsciente e pelos arroubos da vida que nos provocam com novas situações a todo tempo, nos tornamos mestres das definições parciais, muitas vezes amparadas apenas nos 5 sentidos e conforme o momento em que nos definimos. É possível até mesmo que estas definições sejam inconsistentes entre si, carregando misteriosas incoerências e curiosas surpresas.
Como uma fotografia, é possível que as definições de nós mesmos sejam apenas o registro de um instante. Um vento, uma luz, um grão de poeira da realidade; uma pequena variação do ângulo de visão e temos uma foto completamente diferente e imprevisível.
Acabamos usando a tendência de nossos movimentos, pensamentos, sentimentos, emoções e silêncios na vida para nos pensarmos neste instantâneo, que é a definição de nós mesmos. Entretanto, somos frequentemente surpreendidos pelo outro que nos lê por outras perspectivas, apresentando-nos um estranho conhecido que precisa ser estudado e integrado.
É claro que esta terceira pessoa, a qual foi definida sobre nós a partir do olhar de uma segunda pessoa, carrega certa fantasia e subjetividade alheias ao nosso controle, o que torna o exercício ainda mais interessante e misterioso.
Em cada relação que estabelecemos com a vida, nasce uma definição atribuída a nós pelo outro em relação conosco. Uma espécie de diálogo que talvez fale mais do outro do que de nós mesmos, mas que carrega certa verdade no olhar que confronta nossos autorretratos instantâneos e mutantes.
Arrisco dizer que somos indefiníveis de forma permanente, mas "apreciáveis instante a instante". Pessoas que merecem a convivência e a apreciação sincera e delicada que dedicamos a um bom vinho de safra antiga e requintada.
Mas é preciso lapidarmos nossa humanidade para degustarmos uma relação ao invés de reduzi-la às urgências e desatenções que a vida acelerada sugere. Desatentos e apressados, esquecemos de nossa raridade e nos perdemos em nossa própria complexidade com enorme facilidade.
Por tudo isso, me contradigo neste ponto da reflexão para dizer que talvez possamos deixar que uma única coisa ou opinião seja aquilo que nos define.
Se considerarmos a efemeridade de todas as definições e de todos os momentos, a relatividade e a subjetividade de todas as definições, poderemos viver com autêntica emoção e sentimento o universo se vestirmos uma definição por alguns instantes para brincarmos livremente naquele papel claramente estabelecido.
Como criança que brinca livre, nos transformamos naquilo que quisermos e podemos ressignificar a realidade à nossa volta, enquanto nos deixamos tomar pela emoção do fingir ser para vivermos a liberdade que o tempo nos consagra enquanto estivermos desejantes daquele contexto.
Por que brigaríamos pela não-definição quando podemos vestir a definição temporária e brincarmos com ela por um tempo?
Certos de que também somos isso e aquilo, uma única coisa ou opinião vestida com intensidade em dado momento pode promover momento instrutivo que promove redefinição de quem pensamos que não somos!
Como seres livres, mutantes e cheios de infinitos, fingir ser por um pouco pode nos ajudar a descobrir quem fomos e quem poderemos ser, além de oferecer momentos únicos e excitantes para quem somos no presente.
O que nos define? Qual é a validade desta definição?
Existe certa precariedade e imprecisão quando nos definimos, fato que ocorre pela própria ideia de dar contorno consciente à nossa identidade.
Surpreendidos pelo nosso inconsciente e pelos arroubos da vida que nos provocam com novas situações a todo tempo, nos tornamos mestres das definições parciais, muitas vezes amparadas apenas nos 5 sentidos e conforme o momento em que nos definimos. É possível até mesmo que estas definições sejam inconsistentes entre si, carregando misteriosas incoerências e curiosas surpresas.