🎼tanto eu tinha pra dizer.🎼
🎼tanta coisa eu calei.🎼
🎼foi por medo de sofrer que eu sofri.🎼
+300-066
muita paz
Autenticidade e necessidade de controle são duas ideias que surgiram em minha mente no momento em que li este trecho de música.
Parece que facilmente sacrificamos a nossa autenticidade em favor da manutenção do controle das relações que estamos vivendo. Talvez por medo de frustrar o outro, tentamos ser quem pensamos que o outro quer que sejamos e acabamos omitindo o que nos é essencial.
Talvez queiramos que o outro adivinhe nossas necessidades, talvez só esperemos que ele nos autorize a sermos nós mesmos.
Olhamos com olhar atravessado e de julgamento para as pessoas objetivas que são assertivas e que não têm medo de falar de seus próprios desejos. Castramos ou tentamos castrar o comportamento alheio com olhares, silêncios e até mesmo castigos e reprimendas.
Não sei se é possível pensarmos em culturas com mais autenticidade e liberdade relacional, mas estou certo de que nossa educação moderna nos estimula a calarmos a autenticidade e a agirmos conforme roteiros sociais rígidos. Até mesmo os presentes de natal estão ligados a esta dinâmica! Talvez a preocupação magna das crianças no final do ano seja se poderão ser considerados bons meninos e meninas pelo Papai Noel...
É claro que devemos sempre buscar o diálogo respeitoso e falas que não provoquem confrontos, mas isto é completamente diferente de calarmos nossas necessidades para não desagradarmos o outro e nos sentirmos pertencentes e incluídos na relação.
Penso que é neste sentido que "por medo de sofrer que sofri", conforme o pensamento proposto. Silêncios acumulados, necessidades não atendidas e frustrações frequentes nos fazem viver em estado de sofrimento.
Querendo evitar um sofrimento maior, acabamos escolhendo milhares de pequenos sofrimentos que cobram o seu preço com o passar do tempo. Nos anulamos no processo de queremos ser aceitos, vistos e estimados.
A solução?
Em outros tempos eu diria que é importante trabalharmos o autoamor e o autoconhecimento para aumentarmos a autoestima e reduzirmos a dependência psíquica nas relações. Embora eu ainda acredite nesta via, hoje fico tentado a pensar que a necessidade que sentimos de vivermos vidas previsíveis e estáveis pode ser um fator importante.
Não temos controle sobre a vida. Mas gostaríamos de ter! Parece que tememos as surpresas, a impermanência da realidade e a necessidade de mergulharmos frequentemente em processos adaptativos. Acredito que estamos levando este desejo de estabilidade e previsibilidade para as relações.
Queremos contar com o outro, queremos círculos relacionais estáveis e constantes; mesmo que tenhamos que sacrificar autenticidade para nos apresentarmos como pessoas estáveis, agradáveis e previsíveis.
Será que queremos ser confiáveis para o outro, que também abomina a impermanência da vida?
Não pretendo esgotar o assunto, apenas arranhado sob algumas perspectivas, mas imagino que pensar em autenticidade e falta de controle relacional são chaves para reduzirmos os níveis de sofrimento psíquico em nossa sociedade contemporânea...
Autenticidade e necessidade de controle são duas ideias que surgiram em minha mente no momento em que li este trecho de música.
Parece que facilmente sacrificamos a nossa autenticidade em favor da manutenção do controle das relações que estamos vivendo. Talvez por medo de frustrar o outro, tentamos ser quem pensamos que o outro quer que sejamos e acabamos omitindo o que nos é essencial.
Talvez queiramos que o outro adivinhe nossas necessidades, talvez só esperemos que ele nos autorize a sermos nós mesmos.