310/2024 - Sombra e escuridão

Inquietação
Como você vive a sua luz que sempre brilha? Que sombras projeta? Que sombras acolhe? Que escuridões te inspiram?
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Acordei Inspirado 310/2024 - Sombra e escuridão
310/2024 - Sombra e escuridão
dia do ano
310
Sombra e escuridão
mensagem

Ninguém nasceu para ter sua própria luz apagada.
Ao contrário, o mundo precisa dela.
Faça-a brilhar, isso não é vaidade, é amor, é a gratificante sensação de gostar de si mesmo.
Onde falta autoamor a sombra incrementa a perturbação.
+310-056
muita paz

reflexão

Quantas figuras ricas e difíceis de conjugar quando não partilhamos um dicionário de conceitos!

Uma das conjugações que me chamou a atenção foi sombra e perturbação. Essas figuras fizeram surgir em meu peito certa tensão dialógica intensa. Vamos pensar sobre ela?

Por que não conjugamos luz e perturbação?

As ideias de sombra e escuridão são frequentemente associadas a contextos negativos, de vícios, dores, intensões de dolo. Fazem surgir um contexto cultural que nos diz para nos mantermos afastados da escuridão a qualquer custo.

Mas talvez a escuridão e a sombra possam trazer outras questões aos nossos olhos, mentes e corações!

Fiquei me imaginando diante de uma luz potente e inclemente. Luz tão intensa que me cega e gera desconforto. 

Os dias nos desertos devem ser escaldantes e aterrorizadores. Irradiações solares projetadas sobre a areia, queimando nossas retinas com o reflexo, causando desidratação, dificultando a visão, obrigando-nos a repousar durante o dia e viajar durante a noite. 

Uma longa caminhada em uma geleira gigantesca no norte do planeta onde só vemos o branco da neve e do gelo cegando nossa visão durante dias infindáveis provocados por um sol que nunca se põe no horizonte...

Nestes contextos, O que não daríamos por um pouco de sombra? Por alguma escuridão que nos oferecesse repouso? Com um pouco menos de luz, seríamos capazes de discernir cores, descansar a vista, sentir menos calor, dormir de forma natural...

A temida noite nos revelaria as estrelas, a aurora boreal, os sonhos dos navegadores e dos exploradores...

Em meu livro, O amor na escuridão, reflito um pouco sobre o sol que, ao se apresentar no horizonte, exige que dediquemos nossa capacidade contemplativa a ele e esqueçamos do vislumbre de milhares de outras estrelas que brilham timidamente à distância.

A sombra e a escuridão em contextos de luz nos permitem ver a profundidade dos objetos próximos e construirmos uma visão mais tridimensional do que nos cerca na vida. Que seria de nossas existências sem as sombras e a escuridão?

Talvez a sombra seja uma autêntica representação não apenas para o indesejável, mas também para o oculto e para o desconhecido, que revelam campos de ampliação de nossas essências existenciais... 

Arrisco dizer que a sombra pode simbolizar também o inconsciente, aquilo que não acessamos conscientemente, mas que faz parte de nossa essência. Neste lugar oculto também podemos encontrar nossa espiritualidade, nossos pontos de crença, de fé e de confiança; dimensões humanas que norteiam nossas ações sem a possibilidade de explicações racionais e conscientes.

Aceitar nossa sombra, por estas leituras que apresento, pode ser um dos maiores gestos de autoamor e de esforço integrativo que podemos realizar. 

Reconhecer que somos pequenos, que há olhares e luzes maiores do que nós, aceitar a guiança destas potências grandiosas e reduzir o valor que damos aos nossos sistemas racionais conscientes pode ser um caminho de humilde abertura para sermos maiores do que imaginamos poder ser. 

Talvez nosso maior impedimento à vivência da paz e da felicidade seja nossa insistência em fazer brilhar a nossa luz de forma destacada e potente sobre o mundo.

Não acredito que possamos apagar nossas luzes, mas talvez a nossa insistência em fazê-la brilhar a qualquer custo provoque espaços áridos em nossos contextos relacionais. Exigimos reconhecimento, estima, acolhimento, compreensão e amor. Exigimos do outro o que talvez ele não possa nos dar. Provocamos dor e desconforto no mundo e em nós mesmos...

Perturbados, incapazes de nos vermos e de vermos ao outro de forma coerente e integrativa, talvez acabemos criando desertos e glaciares onde habitamos quando nos dedicamos a brilhar sem esforços reflexivos da importância relacional no processo de estarmos vivos.

E você? Como vive a sua luz que sempre brilha? Que sombras projeta? Que sombras acolhe? Que escuridões te inspiram?

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