314/2024 - Só há flores?

Inquietação
O que acontece com seu ânimo e felicidade quando as luzes se apagam?
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Acordei Inspirado 314/2024 - Só há flores?
314/2024 - Só há flores?
dia do ano
314
Só há flores?
mensagem

🎼olha como a flor se acende🎼
🎼quando o dia amanhece🎼
+314-052
muita paz

reflexão

O trecho da música de Juliana Diniz e Mauro Diniz, Alvorecer, me remeteu às ideias de apaixonamento e relação. Talvez porque usamos flores para falar sobre amor e carreguemos esta ideia da luz do amanhecer como o símbolo de alegria, de esperança e superação da adversidade.

Fico pensando, entretanto, sobre nosso hábito de estabelecer a beleza da vida e a felicidade através das flores e das cores. 

Será que queremos beleza de curta duração, pouca variedade e muita previsibilidade?

Gosto de pensar que, na vida de uma roseira, por exemplo, há um pequeno período em que temos rosas, mas a vida se define para além do caule com espinhos e pétalas coloridas e perfumadas. A roseira segue sendo roseira mesmo quando não há rosas. A mangueira segue sendo mangueira, mesmo quando só há tronco, raízes, galhos e folhas!

Talvez nos animemos quando nossas expectativas são atendidas e nos sintamos empobrecidos, até mesmo desfavorecidos, quando o mundo não nos responde adequadamente ao que almejamos. 

Atribuímos valor à flor porque temos a luz do dia que a revela aos nossos olhos. Se focarmos no perfume, talvez celebremos as flores mesmo à noite.

Se nos pensamos ao largo dos anos, talvez lamentemos as flores colhidas, que perderão sua plenitude, beleza e perfume, à medida que o tempo passa. Faltam raízes e conexões profundas com a natureza para prolongar a permanência da beleza em decomposição.

Recordo de uma fala do escritor Caio Fernando: "O problema é que você se apaixonou pelas minhas flores, não pelas minhas raízes. Então, quando chegou o outono, você não soube o que fazer."

Muitas árvores mostram resiliência e força ao abdicarem de flores, frutos e folhas para sobreviverem ao rigor do inverno. Mas talvez tenhamos dificuldades para ver a beleza em ambientes gelados com poucas cores.

O mistério da noite e a escuridão dos mares profundos guardam complexidades e belezas inimagináveis aos olhos que dependem da luz. 

É possível existir belezas inacessíveis aos sentidos daqueles que buscam apenas a vida de forma rasa e frugal, livre de esforços de adaptação e fechados ao novo e ao impermanente.

Buscamos a surpresa do amanhecer que se impõe sobre a escuridão ou celebramos a vida que acontece em alternâncias de noites e dias trazendo oportunidades de vida complexa e contínua?

Celebramos o amanhecer e lamentamos o anoitecer? Ou somos capazes de celebrar a vida atravessada pela noite e pelo dia seguidas vezes?

Talvez possamos estabelecer olhares contemplativos mais profundos para viver a vida em todas as suas nuances e não apenas naquelas que correspondem às nossas expectativas.

Será que podemos esperar algo positivo da noite e da ausência das flores? Acredito que sim.

reflexão

O trecho da música de Juliana Diniz e Mauro Diniz, Alvorecer, me remeteu às ideias de apaixonamento e relação. Talvez porque usamos flores para falar sobre amor e carreguemos esta ideia da luz do amanhecer como o símbolo de alegria, de esperança e superação da adversidade.

Fico pensando, entretanto, sobre nosso hábito de estabelecer a beleza da vida e a felicidade através das flores e das cores. 

Será que queremos beleza de curta duração, pouca variedade e muita previsibilidade?

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