Muitos não vivem no momento em paz porque estão em um movimento exagerado, apressado e estressante.
Não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações.
Para cada dia bastam as suas próprias dificuldades
Evitaríamos muitos distúrbios de ansiedade, pânicos e fobias com essa orientação de Jesus.
+323-043
muita paz
Esta recomendação para vivermos apenas o tempo presente, cada vez mais frequente em nossa sociedade, tem capturado certa estranheza crescente em meu coração.
Em 1957, começamos a nos ocupar para levar o homem à lua, intento concluído em 1969. Em 1968, a NASA começava a planejar o LST, um Grande Telescópio Orbital, lançado com o nome de Telescópio Orbital Hubble em 1990, vinte e dois anos depois da concepção da ideia. Os primeiros acordos para a viabilização da usina hidrelétrica de Itaipú foram assinados em 1966 e a primeira unidade geradora começou a operar em 1984. Facilmente percebemos a importância de vivermos as preocupações do dia e também as de futuros distantes.
No campo individual, trabalhamos por sessenta anos enquanto poupamos para garantir a aposentadoria, um longo movimento de ocupação para pessoas cuja expectativa de vida é de setenta anos. Noivamos como declaração da intensão de casamento que determina o início de economias para a celebração do casamento e também para a montagem da casa do futuro casal.
Por vezes, penso que abdicaríamos do direito de ampliação do conforto e bem-estar se só nos preocuparmos com o tempo atual. Podemos olhar para o microcosmo de nossas experiências e pensar que trabalhamos trinta dias consecutivos para receber o salário, que terá que atender às despesas de todos os dias do próximo mês, assim como cobrir as despesas anteriormente realizadas que estão em aberto.
Plantamos sementes em uma estação do ano e precisamos antever as necessidades do plantio para garantirmos melhores colheitas meses à frente. Água, adubo, pesticidas, sombra e cobertura contra geadas são apenas alguns exemplos de cuidados que antevemos no momento em que iniciamos um cultivo.
Será que esta recomendação para vivermos um dia de cada vez é uma armadilha que nos distrai do planejamento de nossas próprias vidas? Não tenho certeza, mas me incomoda olharmos para as nossas ocupações com o futuro como elementos que extinguem nossa paz.
Pelo contrário, antecipar algumas ocupações futuras pode gerar tranquilidade ou menores esforços no futuro, ofertando mais calma e paz.
Penso que o grande desafio seja o equilíbrio entre as ocupações que dizem respeito ao presente e aquelas que anteveem acontecimentos futuros que talvez nunca se concretizem, mas que, se concretizarem, tirarão o nosso sono.
A vida tem um ritmo próprio e está carregada de mistérios, fatos que nos impedem de estabelecermos controle absoluto sobre ela. Entretanto, por não haver instantaneidade em muitas ações humanas, precisamos fazer planejamentos e lançar esforços previstos para o futuro, se desejamos melhorar as nossas condições de vida. Viver apenas o presente pode ser mais estressante do que viver buscando certo equilíbrio entre ocupações com o presente e com o futuro, além de ser determinante para a ingovernabilidade do futuro da humanidade, que não pode abdicar de intencionalidade e ação contínua para gerar inovação e vencer as adversidades da natureza.
Esta recomendação para vivermos apenas o tempo presente, cada vez mais frequente em nossa sociedade, tem capturado certa estranheza crescente em meu coração.