294/2022

Eu costumava fazer uma distinção entre tolerar e ser paciente. Atualmente incluo um novo conceito a esta reflexão. 

Ser respeitoso, ser paciente e ser tolerante são níveis relacionais importantes que devem ser considerados quando estamos tentando viver em uma sociedade justa e feliz.

Quando toleramos nós reconhecemos a existência de diferenças e nos colocamos em nível de superioridade. Dizer que toleramos alguém quer dizer que nos pensamos normativamente como superiores mas ainda assim concedemos a possibilidade de existências diferentes das nossas.

Quando somos pacientes com o outro nós ainda estamos sendo normativos, mas acreditamos que o outro está em um processo de transformação que precisa de tempo para abrir mão de seu modo de ser para abraçar as normas que julgo como melhores. Neste caso posso até colaborar com o processo de transformação do outro para que ele se aproxime de meu modelo de ser.

Nestas duas opções, da tolerância e do respeito, há um sentimento de superioridade em que reconhecemos a nós mesmos como superiores e nossas atitudes, sentimentos e pensamentos como normativos. Queremos submeter o outro a mudanças que os aproximem daquilo que julgamos correto, mas o fazemos de maneira não violenta.

Mas será que nossa visão de mundo é a única forma de ver o mundo? Será que entre todas as maneiras existentes, é a melhor? Será que algumas visões devem prevalecer sobre outras?

A partir deste questionamento penso que a ideia de respeito surge com muita força. Reconheço e aceito a diversidade do outro, sua singular de ver e de pensar o mundo.

Não há um modelo ideal e sim formas distintas de ser, de agir e de pensar o mundo que podem coexistir dentro de limites humanos, sociais e legais estabelecendo uma cultura plural.

Reconhecer nossas dificuldades talvez seja um processo importante de autoconhecimento. Mas talvez caiba a importante pergunta: Dificuldade para quê?

Estamos com dificuldade de adotarmos modelos externos e visões normativas de pessoas tolerantes ou pacientes?

Ou estamos com dificuldade de nos aprimorarmos como seres humanos em toda a nossa plenitude singular que se conecta com a humanidade? Neste sentido, ser paciente com nossas dificuldades pode ser uma atitude de respeito, de fé e de calma que reverbera uma atitude positiva de busca de autoaprimoramento.

Mas ser paciente quanto às nossas dificuldades de nos dobrarmos à visão normativa externa a nós pode significar que estamos aos poucos desistindo de nós mesmos.

Quando reconhecemos nossa singularidade e nos aceitamos como somos considerando ainda nossas visões de mundo, estamos abrindo um caminho em nossas mentes e em nossos corações para reconhecermos, aceitarmos e respeitarmos o outro em toda a sua plenitude existencial e diversificada em relação à nossa própria plenitude. Neste caso estamos treinando para sermos mais respeitosos com os outros.
 
Entretanto, se estamos anulando nossa plenitude em favor de visões normativas externas a nós, talvez estejamos criando um espaço em nossas mentes e corações para nos tornarmos ainda mais fechados a visões diferentes. Neste caso talvez estejamos colocando camadas de negação da diversidade e nos fechando às possibilidades do respeito ao outro e a nós mesmos. É possível que estejamos singrando os mares da tolerância e dos limites para a convivência com o diferente.

Por tudo isso penso que, embora respeito e tolerância sejam importantes, nós precisamos considerar o respeito e a aceitação nesta equação relacional. Assim abrimos a possibilidade de amor pleno a nós mesmos e ao outro como caminho de construção de justiça social e felicidade em nossa sociedade.

Eu costumava fazer uma distinção entre tolerar e ser paciente. Atualmente incluo um novo conceito a esta reflexão. 

Ser respeitoso, ser paciente e ser tolerante são níveis relacionais importantes que devem ser considerados quando estamos tentando viver em uma sociedade justa e feliz.

Quando toleramos nós reconhecemos a existência de diferenças e nos colocamos em nível de superioridade. Dizer que toleramos alguém quer dizer que nos pensamos normativamente como superiores mas ainda assim concedemos a possibilidade de existências diferentes das nossas.