136/2024 - A transculturalidade, a humanidade e a paz

Inquietação
E se nossas crenças forem apenas vistas de um ponto?
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Acordei Inspirado 136/2024 - A transculturalidade, a humanidade e a paz
136/2024 - A transculturalidade, a humanidade e a paz
dia do ano
136
A transculturalidade, a humanidade e a paz
mensagem

Ninguém é trazido a viver, sentir, imaginar e raciocinar para ocultar-se.
Cada um de nós permanece no lugar exato, a fim de realizar o melhor que pode.
Somos amparados.
+136-230
muita paz

reflexão

Em relação aperfeiçoamos nossas visões sobre o mundo e sobre nós mesmos, mas é no campo secreto da individualidade singular que escrevemos nossas histórias de felicidade. Por isso carrego no peito há algum tempo um pacote de questionamentos e inquietações.

O texto de hoje me levou a este pacote que estava guardado no fundo de algum armário...

Escolhemos viver sob o mistério que nos leva a aventuras e descobertas? Ou preferimos viver sob as prescrições concretas de uma visão de mundo que não conseguimos acessar?

Vou tentar me explicar melhor...

Moro com este pacote de inquietações há algum tempo, talvez desde que eu me entendo por gente portadora de pensamento crítico. Eu sempre tive certa dificuldade em acolher os discursos religiosos que determinam como certeza o que é mistério, assim como também é difícil acolher as conclusões temporárias da ciência como afirmações definitivas.

Mas talvez seja mais fácil explicar este pacote que mora em meu peito pelo caminho da ciência. Em quase cinco décadas de existência, me recordo claramente que o café e os ovos foram declarados pela mídia como heróis e vilões na alimentação a partir de estudos científicos. 

A aparente contradição só se desfaz quando percebemos que a ciência possui uma abordagem questionadora multifacetada. Ou seja, ela olha para uma mesma questão sob diversos pontos de vista. Para cada visão, é possível tirar conclusões e propor teorias que precisam de comprovação.

Em meu caso, o consumo de café faz bem ou faz mal? O que a ciência diz? No pensamento científico, caminhamos para a resposta por outras perguntas. Que café? Em que quantidade? Faz bem para quê? Faz mal para quê? Consumido com que periodicidade? Qual é a diluição do café?

De forma análoga, podemos olhar para as proposições das religiões e avaliarmos seus pontos de vista sobre a realidade.

Nós, seres humanos, existimos diante da beleza dos mistérios, contemplada pela nossa capacidade de nos percebermos como individualidades, mas também pela capacidade de pensarmos sobre nossa própria existência.

Dito de outra forma, definimos a realidade a partir de nossa subjetividade. Nossos estados de conhecimento, de emoção, de sentimento e de ação interferem nas definições de realidade que materializamos na sociedade...

O vermelho é percebido pelas impressões que ondas luminosas causam ao atingir nossos olhos, mas a onda luminosa ganha significado pelas analogias que fazemos com o que conhecemos e com o que fazemos. O vermelho vira vermelho sangue, mas pode ser o "#660000" para um designer de internet, "0,100,100,60" para o funcionário de uma gráfica, e uma onda eletromagnética com comprimento de onda de 611.37nm para um físico.

Digo tudo isso para pensarmos prioritariamente sobre a primeira afirmação do pensamento: "Ninguém é trazido a viver, sentir, imaginar e raciocinar para ocultar-se".

Mas também para olharmos para a segunda afirmação: "Cada um de nós permanece no lugar exato, a fim de realizar o melhor que pode."

A definição de propósitos, objetivos e metas, que serão usados para avaliarmos posteriormente a eficiência e a coerência de nossa ação como seres humanos, carrega uma série de subjetividades historicamente construídas, embora nem sempre estejamos atentos a este fluxo transcultural de construção da humanidade.

Penso, neste contexto, que o lugar exato de permanência é aquele em que percebemos o potencial de realização de nós mesmos e podemos atuar a partir dele, rumo ao desconhecido, ao mistério. 

Existimos. 

Esta afirmação abre possibilidades infinitas de realização singular, define espaços de aventura e realização criativa, de autoconhecimento e de autorrealização. Estas aventuras, dirigidas sobre nossa percepção singular do mundo, talvez definam propósitos, objetivos e metas existenciais que se conjugam para definir a humanidade.

É possível vivermos a existência integralmente focados no imediatismo de nossas necessidades biológicas, assim como também é possível vivermos a absoluta abstração dos imediatismos biológicos para buscarmos a compreensão da vida e a transcendência. 

Os caminhos são múltiplos, diversos e interconectáveis através das relações que estabelecemos na vida. Acredito que podemos viver, sentir, imaginar e raciocinar vivendo vidas em que nos ocultamos de contextos, entendimentos e interpretações específicos ao nosso entendimento subjetivo da vida.

A melhor realização na vida talvez se caracterize por uma vida autêntica em que nos permitimos viver nossas crenças, valores e impressões sem nos sentirmos constrangidos por visões externas e coercitivas.

As conclusões das ciências e as proposições das religiões podem funcionar como balizadores para nos posicionarmos no mundo, mas acredito que não devam ser vistos como pontos de partida ou de chegada para nossas existências. Por isso, quando pergunto sobre o que escolhemos viver, declaro que prefiro viver sob os mistérios que me levam a aventuras e descobertas. Este caminho abre, em mim, campos de autoconhecimento e de construção de autonomia que seriam inacessíveis de outras formas.

Evitar as prescrições concretas que definem mundos idealizados e que não permitem que nos escondamos é, a meu ver, abrir espaço interno para descobrir o sagrado que habita em mim, mas que também está presente no outro.

reflexão

Em relação aperfeiçoamos nossas visões sobre o mundo e sobre nós mesmos, mas é no campo secreto da individualidade singular que escrevemos nossas histórias de felicidade. Por isso carrego no peito há algum tempo um pacote de questionamentos e inquietações.

O texto de hoje me levou a este pacote que estava guardado no fundo de algum armário...

Escolhemos viver sob o mistério que nos leva a aventuras e descobertas? Ou preferimos viver sob as prescrições concretas de uma visão de mundo que não conseguimos acessar?

Vou tentar me explicar melhor...

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