Não permita que uma pessoa idosa habite seu corpo, pois isso é um passaporte para o mundo das enfermidades.
Desperte a criança que ainda vive em você, deixe que ela lhe traga mais alegria, espontaneidade, curiosidade, criatividade, divertimento, pureza e amor.
Aí está um laboratório de remédios poderosos para curar qualquer doença.
+304-062
*muita paz
Tenho pensando na possibilidade de viverrmos eternamente, livres do peso da finitude representado pela morte. Concluí recentemente que pode ser um equívoco colocarmos em segundo plano as perspectivas do adoecimento e da morte.
A partir destas reflexões, fiquei pensando no risco de não assumirmos a pessoa idosa que nos tornamos com o acúmulo de anos e experiências vividos, que nos sugere sabedorias de vida e maior compreensão sobre o significado das coisas.
Viver a pureza pode significar compreender as diversas etapas e demandas da vida para vivermos coerentemente cada presente existencial que o universo nos entrega. As capacidades cognitivas que surgem em cada momento de nossas existências abrem possibilidades operativas distintas que, vividas intensamente, podem ser geradoras de alegria e divertimento. Este, a meu ver, é o amor sendo aplicado na existência através do amar.
Talvez o próprio fluxo da vida nos convoque a nos distanciarmos da criança e a nos permitirmos viver outras vidas em uma só vida.
Penso que a alegria existe e pode se expressar de diversas formas. Crianças, adultos e idosos são capazes de viver alegrias, cada um através de vivências que lhes são características.
A espontaneidade sugere certa audácia para confrontar o outro com os valores que carregamos em nós. Mas há também a necessidade de sermos solenes e respeitosos na relação com o outro, momentos em que talvez não caiba sermos espontâneos porque o outro precisa se sentir empoderado e autônomo, isento de ameaças. Conter a espontaneidade pode ser um gesto de amor e de reconhecimento da singularidade do outro que só é possível para aquele que já é sábio, seguro de si, que não se sente ameaçado pela espontaneidade alheia.
A curiosidade é porta de descobertas que nos leva à criatividade e à inventividade, ela é porta de revoluções que trazem inquietação e instabilidade, mas também que exigem grandes esforços cognitivos e adaptativos. Será que temos energia psíquica condizente com a criatividade o tempo todo? Podemos estar vivendo contextos de vida em que a escassez e o luto exigem aportes psíquicos consideráveis de acomodação e aceitação para seguirmos em frente. Talvez não sejamos capazes de viver de forma curiosa o tempo todo de nossas existências.
Penso que o divertimento nasce no lugar em que aceitamos o que a vida nos oferece e nos sentimos livres para operar o ambiente conforme o nosso desejo. Considerando isso, talvez o divertimento dos idosos seja saborear o mundo com a sabedoria construída ao largo dos anos. Contemplar pode ser muito divertido, embora não exija movimentos efuzivos e intensos.
Acredito que as doenças e a finitude sejam características naturais e nem sempre remediáveis com que a vida nos presenteia para vivermos uma grande aventura. Por que escolheríamos viver internados em um hospital-laboratório lutando contra a finitude inevitável?
Aceitemos os presentes que a vida oferta. Convidemos as pessoas a entrarem em nossas casas e vivamos a intensidade de cada visita como momento singular único que trás significado para existirmos.
Tenho pensando na possibilidade de viverrmos eternamente, livres do peso da finitude representado pela morte. Concluí recentemente que pode ser um equívoco colocarmos em segundo plano as perspectivas do adoecimento e da morte.
A partir destas reflexões, fiquei pensando no risco de não assumirmos a pessoa idosa que nos tornamos com o acúmulo de anos e experiências vividos, que nos sugere sabedorias de vida e maior compreensão sobre o significado das coisas.