343/2024 - Essência da Fé

Inquietação
Como podemos transformar a fé de uma crença cega em uma força racional e autêntica que guia nossas ações e nos aproxima da verdadeira felicidade?
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343/2024 - Essência da Fé
343/2024 - Essência da Fé
dia do ano
343
IA - Ideias principais

Fé como Construção Racional: Inspirado por Allan Kardec, o texto sugere que a fé deve ser uma construção individual e racional, baseada na compreensão das leis do universo, em vez de uma crença cega.
 

Busca por Comodidade e Desenvolvimento Humano: O texto questiona se a busca por comodidade e estabilidade no mundo material é problemática ou uma etapa necessária no desenvolvimento humano, considerando a relação entre fé cega e raciocinada.
 

Viver Crenças com Sinceridade e Coerência: O texto propõe que viver nossas crenças com sinceridade é um ato de responsabilidade e que a coerência entre ação e crença pode levar a uma felicidade autêntica, incentivando a aceitação generosa da própria fé, mesmo que ela seja diferente das dos outros.

Da Crença Cega à Compreensão: Redefinindo a Fé Verdadeira
mensagem

Pai, dá-nos uma fé verdadeira, livre das seduções e da malícia do comodismo, livre das supertições que tiram a responsabilidade.

Que nossa fé seja coerente, transparente e dedicada, que ela nos reforce na luta diària e que sejamos mais irmãos, mais confiantes para nos tornarmos mais felizes.

Que assim seja.
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reflexão

Recordei de um conceito trazido pelo pensador Allan Kardec, que viveu na França em meados de 1800. Ele sugere que a fé é uma construção individual, algo que não pode ser prescrito, que precisa ser desenvolvido. Segundo ele, a fé é ferramenta libertadora à medida que deixa de ser cega para estar embasada no uso da razão, na compreensão das leis que fundamentam o funcionamento do universo. 

Penso que, à medida que compreendemos o universo, nos capacitamos a agir sobre ele com mais propriedade e eficiência, sendo capazes de ações mais assertivas e garantidoras da felicidade. Pouco a pouco abandonamos a fé cega e adentramos o campo da fé raciocinada. 

Entretanto, o desenvolvimento da fé tem nos levado à descoberta de um mundo imaterial, anterior e sobrevivente a tudo que existe. Neste contexto, a fé, ainda segundo Kardec, pode ser humana ou divina. À medida que se debruça sobre os fenômenos materiais ou sobre os espirituais, respectivamente, a descortina o próprio patrimônio singular do sujeito, regido por leis imutáveis que determinam o universo.

É neste universo que fiquei pensando sobre a fé verdadeira. Seria verdadeira por estar livre das incertezas, de instabilidades e de impermanências da matéria? Ou a fé verdadeira seria aquela que se estabelece na medida possível de nosso entendimento e da nossa capacidade de mobilizar esforços com intencionalidade e propósito para organizar a realidade material e espiritual à nossa volta?

Será que há algum problema em manifestarmos fé cega ou humana? Teríamos sido seduzidos? Ou estaríamos desenvolvendo nossa fé à medida que crescemos como sujeitos e escrevemos nossas histórias?

Vendo sob este prisma, não estaríamos todos mobilizados pela busca progressiva de comodidade? Desejosos por viver o maior tempo possível, talvez o comodismo seja uma resposta muito racional de economia de energia em um mundo instável, mutável e cheio de ameaças. 

Se considerarmos aspectos biológicos e energéticos, características do mundo material em constante mutação, estabelecer estabilidade talvez signifique viver por mais tempo e fazer menos esforços. Será que há malícia nisso? Ou será apenas um momento necessário de nossa jornada, enquanto não nos desenvolvemos suficientemente para percebermos que não somos matéria e sim que usamos a matéria?

Escrevemos histórias e desenvolvemos teorias enquanto tentamos nos tornar mestres no uso da matéria. As leituras e interpretações neste contexto de desbravadores nos levarão a diversas construções válidas, embora parciais e temporárias. O que foi verdade em algum momento pode tornar-se crendice ou superstição em outro momento, mas terá servido como agente de mobilização de nossa capacidade humana diante do mundo e da vida. Viver nossas crenças com sinceridade talvez seja o maior ato de responsabilidade que possamos assumir diante da vida.

Penso que atos de coerência envolvem integração intencional entre ação e crença; uma percepção de identidade, de autenticidade e de liberdade que nos permite dedicação sincera e intensa em nossas jornadas diárias. Talvez aí resida a felicidade sincera e real, que se amplia à medida que crescemos e conhecemos mais sobre o mundo.

Assim, que possamos acolher sempre com generosidade a nossa própria fé, mesmo que seja diferente e até divergente em relação à fé de outras pessoas.

Mensagem Disparadora

Pai, dá-nos uma fé verdadeira, livre das seduções e da malícia do comodismo, livre das superstições que tiram a responsabilidade.

Que nossa fé seja coerente, transparente e dedicada, que ela nos reforce na luta diária e que sejamos mais irmãos, mais confiantes para nos tornarmos mais felizes.

IA - considerações

O texto aborda uma reflexão profunda sobre a natureza da fé, inspirada pelo pensamento de Allan Kardec. Kardec propõe que a fé deve ser uma construção individual e racional, fundamentada na compreensão das leis do universo, ao invés de ser uma crença cega. O autor do texto questiona a verdadeira essência da fé, ponderando se ela deve estar livre das incertezas materiais ou se deve ser baseada na nossa capacidade de agir com intenção e propósito no mundo.

Há uma discussão sobre a fé cega versus a fé raciocinada, e se a busca por comodidade e estabilidade no mundo material é um problema ou uma etapa necessária em nossa jornada de desenvolvimento. O texto sugere que viver nossas crenças com sinceridade é um ato de responsabilidade e que a coerência entre ação e crença pode levar a uma felicidade autêntica.

Por fim, o autor encoraja a acolher nossa própria fé com generosidade, mesmo que ela seja diferente da fé dos outros, enfatizando a importância da autenticidade e da liberdade em nossas jornadas pessoais.

reflexão

Recordei de um conceito trazido pelo pensador Allan Kardec, que viveu na França em meados de 1800. Ele sugere que a fé é uma construção individual, algo que não pode ser prescrito, que precisa ser desenvolvido. Segundo ele, a fé é ferramenta libertadora à medida que deixa de ser cega para estar embasada no uso da razão, na compreensão das leis que fundamentam o funcionamento do universo. 

IA - Poesia

Para encontrar uma poesia que dialogue com as três ideias principais do texto — fé como construção racional, busca por comodidade e desenvolvimento humano, e viver crenças com sinceridade e coerência — recomendo "Cântico Negro" de José Régio.

Essa poesia explora temas de autenticidade, a busca por um caminho próprio e a rejeição do conformismo, que ressoam com as ideias do texto. "Cântico Negro" foi publicado originalmente na obra "Poemas de Deus e do Diabo" em 1925. A autoria é confirmada como sendo de José Régio, um renomado poeta português, sem outras autorias associadas a essa obra.

Se você estiver interessado em explorar mais sobre essa poesia, ela é amplamente estudada e comentada em diversas antologias de poesia portuguesa e pode ser encontrada em publicações que reúnem a obra de José Régio.

CÂNTICO NEGRO - José Régio

“Vem por aqui” — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui!”
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali…
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: “vem por aqui!”?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí…
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos…

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios…
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

singularidade poética

IA - Música

música no estilo rock que dialoga com as três ideias principais do texto é "The Logical Song" da banda Supertramp.

Lançada em 1979 no álbum "Breakfast in America," a música explora a perda da inocência e a busca por significado, questionando a lógica e a racionalidade em contraste com a autenticidade e a essência pessoal. Isso ressoa com a ideia de fé como construção racional e a busca por um entendimento mais profundo da vida. A letra também reflete sobre a pressão para se conformar e a luta para manter a autenticidade e a coerência pessoal, alinhando-se com as ideias de viver crenças com sinceridade e a busca por desenvolvimento humano.

The Logical Song

IA - Conversa com a Filosofia

Richard Rorty
Filósofo americano, Rorty é conhecido por seu pragmatismo e crítica à filosofia tradicional.
Obra: "Contingência, Ironia e Solidariedade" (1989).
Relação: Explora a construção da identidade e a busca por autenticidade.

Amartya Sen
Economista e filósofo indiano, Sen é conhecido por seu trabalho em desenvolvimento humano e justiça.
Obra: "Desenvolvimento como Liberdade" (1999).
Relação: Discute o desenvolvimento humano como meio para a liberdade, alinhando-se ao texto.

IA - Conversa com a Sociologia

Bruno Latour
Sociólogo e antropólogo francês, Latour é conhecido por seu trabalho em estudos de ciência e tecnologia.
Obra: "Jamais Fomos Modernos" (1991).
Relação: Desafia as distinções entre natureza e sociedade, relacionando-se com a construção racional da fé.

Nancy Fraser
Socióloga e filósofa americana, Fraser é conhecida por suas análises sobre justiça social e reconhecimento.
Obra: "Redistribuição ou Reconhecimento?" (2003).
Relação: Explora a importância do reconhecimento para a identidade, conectando-se à autenticidade e coerência.

IA - Conversa com a Psicanálise

Joyce McDougall
Psicanalista francesa, McDougall é conhecida por seu trabalho sobre a psicossomática.
Obra: "Teatros do Corpo" (1989).
Relação: Explora a relação entre corpo e mente, conectando-se à autenticidade e compreensão racional.

Maria Rita Kehl
Psicanalista brasileira, Kehl é reconhecida por suas contribuições ao debate social e político.
Obra: "O Tempo e o Cão" (2009).
Relação: Explora a depressão na contemporaneidade, conectando-se à busca por compreensão e autenticidade.

IA - Conversa com a Religião

Que religiões concordariam com o texto?

O texto propõe uma visão da fé como uma construção racional e individual, que busca equilíbrio entre crença e razão, e promove autenticidade e coerência entre ação e crença. Algumas tradições religiosas que podem concordar com essa abordagem incluem:

  1. Espiritismo: Fundado por Allan Kardec, o espiritismo enfatiza a fé raciocinada, baseada na compreensão das leis espirituais e universais, alinhando-se bem com a ideia de uma fé construída racionalmente.

  2. Budismo: Embora não seja teísta no sentido tradicional, o budismo valoriza a prática consciente e a compreensão pessoal, promovendo uma abordagem racional e experiencial da fé e do entendimento espiritual.

  3. Unitarianismo Universalista: Esta tradição religiosa liberal encoraja a busca individual por verdade e significado, promovendo uma abordagem racional e inclusiva à espiritualidade.

  4. Hinduísmo: Algumas escolas dentro do hinduísmo, como o Vedanta, promovem a busca por conhecimento e autorrealização, enfatizando a importância da razão e da experiência pessoal na jornada espiritual.

  5. Religiões Reformistas: Algumas vertentes reformistas de religiões abraâmicas, como certos ramos do judaísmo reformista ou do cristianismo liberal, podem valorizar a integração da razão com a fé e encorajar uma abordagem mais pessoal e racional da espiritualidade.

Essas tradições, entre outras, podem encontrar ressonância com a visão apresentada no texto, que valoriza a coerência, a autenticidade e a integração entre razão e fé.

A umbanda concorda com o texto?

A Umbanda, como religião brasileira que integra elementos de diversas tradições espirituais, pode encontrar pontos de concordância com o texto. A Umbanda valoriza a prática espiritual que é aberta à interpretação e à experiência pessoal, o que pode se alinhar com a ideia de uma fé que é uma construção individual e racional. Além disso, a Umbanda enfatiza a importância da caridade, do autoconhecimento e da evolução espiritual, aspectos que podem ressoar com a busca por autenticidade e coerência entre ação e crença mencionada no texto.

No entanto, a Umbanda também incorpora elementos de fé que são mais intuitivos e místicos, o que pode diferir da ênfase do texto na racionalidade. Em suma, enquanto alguns aspectos da Umbanda podem concordar com a visão do texto, outros podem oferecer uma perspectiva complementar que valoriza a experiência espiritual direta e o misticismo.

O espiritismo de Allan Kardec concorda com o texto?

Sim, o espiritismo de Allan Kardec concorda em grande parte com as ideias apresentadas no texto. Kardec enfatizou a importância de uma fé raciocinada, que é construída com base no uso da razão e na compreensão das leis espirituais e universais. Essa abordagem está alinhada com a ideia de que a fé deve ser uma construção individual e racional, como mencionado no texto.

Além disso, o espiritismo valoriza o autoconhecimento, a evolução espiritual e a responsabilidade pessoal, que se conectam à busca por autenticidade e coerência entre ação e crença, também destacadas no texto. A visão de Kardec sobre a fé como uma força libertadora, fundamentada no raciocínio e na compreensão, ressoa fortemente com os temas discutidos no texto.

Que religiões não concordariam com o texto?

Religiões que tradicionalmente enfatizam a fé como uma aceitação inquestionável de dogmas ou ensinamentos podem não concordar com o texto, que propõe uma visão da fé como uma construção racional e individual. Algumas dessas religiões ou vertentes podem incluir:

  1. Fundamentalismo Religioso: Em várias tradições, o fundamentalismo enfatiza a aderência estrita a textos sagrados e dogmas, com menos espaço para a interpretação individual e racionalidade, o que contrasta com a visão do texto.

  2. Cristianismo Ortodoxo: Embora haja diversidade dentro do cristianismo ortodoxo, algumas interpretações podem enfatizar a tradição e os ensinamentos da igreja como fundamentos da fé, em vez de uma construção individual e racional.

  3. Islamismo Ortodoxo: Algumas vertentes do islamismo que enfatizam a submissão total aos ensinamentos do Alcorão e dos Hadiths podem não ressoar com a ideia de uma fé construída racionalmente e individualmente.

  4. Judaísmo Ortodoxo: Semelhante a outras tradições ortodoxas, o judaísmo ortodoxo pode enfatizar a observância rigorosa da lei religiosa e tradição, o que pode não se alinhar com a abordagem racional e individual do texto.

Essas tradições podem ver a fé mais como uma adesão a princípios estabelecidos e menos como uma construção individual baseada na razão, o que pode levar a discordâncias com as ideias apresentadas no texto.

IA - Conversa com Discordâncias

Richard Dawkins
Biólogo e escritor britânico, Dawkins é um crítico proeminente da religião e defensor do ateísmo.
Obra: "Deus, um Delírio" (2006).
Relação: Dawkins rejeitaria a ideia de fé racional, vendo-a como irracional e prejudicial.

Jean-Paul Sartre
Filósofo francês, Sartre era um existencialista que rejeitava a ideia de um sentido pré-determinado na vida.
Obra: "O Ser e o Nada" (1943).
Relação: Sartre veria a fé como uma má-fé, uma fuga da responsabilidade individual.

Mais Reflexões

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Como nossas escolhas e experiências moldam a identidade que acreditamos ser verdadeiramente nossa?
Como podemos transformar nossas relações e ambientes sociais para que a paz e a harmonia prevaleçam sobre o conflito e a imposição?
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Como podemos compreender e expressar o amor de maneira que respeite a singularidade de cada indivíduo e evite mal-entendidos nas relações?
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Como a busca humana por sentido e felicidade se manifesta, considerando a relação entre o desejo de um modelo ideal, como o divino, e a realidade da incerteza e das possibilidades do universo?
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Como podemos transformar o sistema educacional para que ele promova o desenvolvimento crítico e criativo dos alunos, em vez de apenas moldá-los para se encaixarem em padrões preestabelecidos?
Como podemos transformar nossos erros passados em oportunidades para redefinir nossos objetivos e crescer pessoalmente?
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Como podemos superar a sensação de desconexão e redescobrir o amor que já existe em nós e nas nossas relações?