039/2024 - Ser aventureiro

Inquietação
Você se sente abandonado e desamparado diante das dores que a vida oferece? Como superar este sentimento de abatimento?
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Acordei Inspirado 039/2024 - Ser aventureiro
039/2024 - Ser aventureiro
dia do ano
39
Ser aventureiro
mensagem

Esteja com a mente preparada e derrube aqueles argumentos inúteis.
O pai está no controle e não permitirá vir mais sobre você do que possa suportar.
Ele o fortaleceu para qualquer e todas as provações que vier a enfrentar.
Ele nunca abandona nem desampara, siga confiando sempre.
+039-327
muita paz

reflexão

Eu acredito que não seja possível prescrever a fé, principalmente quando não encontramos eco e nem coerência nas instruções externas a nós. Por isso, embora tenha um sentimento profundo de espiritualidade que me conecta a uma fé ainda crescente, decidi dedicar esta reflexão àqueles que estão com dificuldade de estabelecer este ponto de crença.

O Acordei Inspirado nasceu como um caminho aberto de reflexões, não necessariamente religiosas, mas sempre espirituais. 

Acho importante fazer esta distinção entre espiritualidade e religiosidade agora para começarmos esta conversa.

Quando eu penso em religiosidade, me remeto a um sentimento que me conecta a princípios de uma religião, instituição humana que proclama uma forma de ver e de interpretar a vida sob a ótica de potências invisíveis e cientificamente não mensuráveis, mas que influem diretamente nos acontecimentos cotidianos conforme uma ética muito específica.

A religiosidade pode nos remeter a diversas religiões, estabelecidas por doutrinas que geralmente são dogmática e ritualística. Atribuímos a estas doutrinas a responsabilidade de estabelecerem códigos morais de conduta que expliquem o que nossos sentidos e ciências não são capazes de explicar.

A espiritualidade, por outro lado, diz respeito à nossa conexão com uma dimensão de nós mesmos que é mais ampla, embora seja parcialmente acessível. Carrega a ideia de transcendência, quando percebemos algo além da materialidade e concretude de nossas existências e nos conectamos a este algo.

Falar sobre um criador, sobre um pai, atribuir a ele intenções e interpretar as ocorrências da vida conforme estas intenções é um movimento religioso conectado a alguma religião.

Acolher que sentimos que podemos viver melhor, embora exista desconforto e insegurança, lutar pela ampliação de entendimento e buscar formas de viver melhor é um pensamento que envolve o sentimento de espiritualidade.

Talvez alguns de nós possamos pensar em uma inteligência superior, bondosa, generosa, amorosa, portadora da nossa tutela e empenhada a nos conduzir a contextos de mais felicidade. 

Neste contexto seria fácil pensar que tudo o que nos acontece pertence ao desdobramento de ações educativas que não visam nosso sofrimento, mas sim o nosso crescimento, embora, para que ele se dê, seja necessária uma cota de dor e esforço.

Por outro lado, se vemos um criador passional, vingativo ou até mesmo garantidor da execução de uma lei imutável que impõe determinadas condutas para acessarmos a felicidade, talvez pudéssemos nos pensarmos como criaturas hediondas, merecedoras das punições e castigos que, sendo proporcionais aos nossos erros cumulativos, se impõe sobre nós de maneira inevitável e sem considerar nossas capacidades de suportá-los. Aí talvez nasça as ideias de lugares de punições eternas e dolorosas de onde não se escapa.

Olhando sob a perspectiva espiritual, saindo da perspectiva religiosa, talvez possamos pensar que, embora desconheçamos as causas e motivações de nossos males, podemos usá-los como alavancas de autocrescimento, autoconhecimento e descoberta do mundo; ações que promovem amadurecimento e que podem ajudar no nosso movimento de transcendência, quando nos conciliaríamos melhor com esta dimensão misteriosa e encantadora de nós mesmos que começamos a perceber melhor, mas que não compreendemos.

Segundo a perspectiva espiritual, não importa o que nos acontece. O crucial no processo de transcendência seria o que fazemos a partir daquilo que nos acontece.

Pessoalmente gosto desta perspectiva, a espiritual, e tenho certa resistência a mergulhar nas perspectivas de religiosidade, embora as reconheça como caminhos válidos e importantes para muitas pessoas.

Dito tudo isto, pensando com sentimento de espiritualidade e buscando a transcendência, declaro minha dificuldade em definir alguma coisa como inútil sem contextualizar o que se busca adequadamente.

O timão de um pequeno barco pode ser inútil para conduzirmos um carro elétrico, assim como um galão de gasolina e os flaps de um avião. 

Estar com a mente preparada talvez signifique termos clareza sobre o que queremos e sobre o que talvez estejamos buscando. 

O que seria um argumento inútil? Seriam aqueles que negam meu desejo? Aqueles que lançam dúvidas sobre minhas certezas?

Talvez só possamos decretar algo como inútil em nossa jornada depois que ela tiver sido completada. Quando pudermos avaliar o que usamos, o que não usamos e o que nos atrapalhou.

Mas, como podemos usar tudo como instrumento de propulsão de nossos aprendizados, será que alguma coisa é realmente inútil? 

Por não percebermos nossa dimensão espiritual e por desconhecermos o contexto do universo, sentiremos medo em nossas jornadas. Nos sentiremos incapazes e caminharemos com dificuldade com mais frequência do que gostaríamos. 

Talvez algumas ocorrências da vida estejam além da capacidade que percebemos em nós, mesmo assim, poderemos crescer através delas. Ou seja, mesmo que eu avalie minha incapacidade de suportar algo, este algo continuará a me afetar exigindo alguma reação. Ao reagir, talvez minha resposta fique aquém do que eu gostaria, mas terá sido uma ação promotora de transcendência, embora eu não compreenda de que forma.

Se projetarmos tudo conforme nossa ética religiosa, sem considerarmos que ela é incompleta e, portanto, falha; talvez nos sintamos abandonados e desamparados quando nossos sistemas de crença não forem capazes de responder a nossos questionamentos, sentimentos e percepções. Nestes contextos será muito difícil confiar.

Se buscarmos projetar nosso olhar conforme a ótica do sentimento de espiritualidade, deixamos de tentar atribuir sentido a algo que não compreendemos e aceitamos com mais facilidade a impossibilidade de darmos sentido e propósito a tudo o que nos acontece. A questão não transita mais pelo desígnio divino, pelo abandono ou pelo amparo, mas pela oportunidade de sermos criativos e resilientes para seguir em frente aprendendo, crescendo e inovando, mesmo que padeçamos de determinados males.

Não é possível estar no controle de tudo ou ter a compreensão de tudo, mas sempre será possível experimentar de tudo e crescer com a aventura.

E você? 

Prefere os caminhos mapeados e com trilhas bem definidas?

Consegue mergulhar na incerteza da aventura e construir memórias e aprendizados novos?
 

reflexão

Eu acredito que não seja possível prescrever a fé, principalmente quando não encontramos eco e nem coerência nas instruções externas a nós. Por isso, embora tenha um sentimento profundo de espiritualidade que me conecta a uma fé ainda crescente, decidi dedicar esta reflexão àqueles que estão com dificuldade de estabelecer este ponto de crença.

O Acordei Inspirado nasceu como um caminho aberto de reflexões, não necessariamente religiosas, mas sempre espirituais. 

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